Filhos ingratos? Saiba lidar com a situação
por Luiz Alberto Py*
"Uma das
grandes dificuldades que surge na relação entre pais e filhos se relaciona à
questão da cobrança, que frequentemente ocorre, por parte dos pais, quanto à
reação dos filhos a tudo o que lhes foi proporcionado. Constantemente se vê
pais queixarem-se de uma atitude que eles consideram como ingratidão por parte
dos filhos.
Nada mais
compreensível. Pessoas que se dedicaram, durante anos, a cuidar de seus
filhotes indefesos, por vezes fazendo árduos sacrifícios para proporcionarem
àquelas crianças boa alimentação, educação; doando uma vasta parcela de seu
tempo e energia para oferecerem carinho e atenção, se veem, de uma hora para
outra, colocados em segundo plano, ou preteridos por outras pessoas que os
filhos passam a considerar como companhias mais interessantes. Eles se sentem
sendo desvalorizados e aí costuma vir a cobrança: os filhos passam a ser
acusados de não reconhecerem o valor do que receberam e são encarados como
ingratos.
Esta
situação não se soluciona com facilidade. Dificilmente um filho vai mudar sua
forma de viver apenas para agradar seus pais. E não seria saudável fazê-lo
pois, neste caso, o filho teria argumentos para se queixar de que seus pais
estariam interferindo negativamente em sua vida.
O que foi dado não é devido
Para
facilitar a convivência com esta dificuldade, convém lembrar que se - como por
vezes se afirma - os filhos devem sua vida aos pais, existe uma total
impossibilidade desta dívida ser paga. Como se paga uma vida? Com outra?
Portanto já que é impagável, melhor considerar que não existe dívida. Afinal,
não podemos esquecer que os próprios pais reconhecem que deram para seus filhos
tudo o que fizeram por eles; portanto não foi um empréstimo, mas uma doação. E
o que foi dado não é devido.
A melhor
forma de que os filhos dispõem para mostrar o reconhecimento pelo que receberam
de seus pais consiste em reconhecer o exemplo recebido. Isto quer dizer que
eles devem se dedicar a seus filhos tão bem, ou melhor, do que seus pais
fizeram com eles. Assim, ficamos inseridos nesta seqüência que a natureza
estabeleceu, onde instintivamente pais cuidam de seus filhos e com isto as
espécies se mantêm e a vida prossegue.
E a gratidão, em vez de ser vivida como
uma dívida e um peso, torna-se um feliz sentimento de reconhecimento do amor e
do carinho recebidos, da generosidade e altruísmo com que foram tratados e que,
por isso mesmo, podem ser retransmitidos numa corrente positiva."
Aos meus dois fieis leitores, e também para você que chegou até aqui, eu agradeço.
***O texto é do dr. Luiz Alberto
Py
médico psiquiatra e
psicanalista.
Para saber mais sobre ele
acesse:
http://doutorpy.blogspot.com
Para ler o texto original : http://www2.uol.com.br/vyaestelar/bem_estar_filhos_ingratos.htm
***As imagens são do Google Imagens.