Família *
Família, famílias?!
No Brasil a
Família é vista como uma instituição formadora da nossa sociedade, entretanto
delimitar um conceito que seja capaz de expressar todas as possibilidades que a
família encerra não é coisa fácil.
Quando pensamos em família geralmente forma-se em
nossa mente uma teia de relações
parentais como pai-mãe e filhos e, também, estão contemplados outros aspectos
que abrigam famílias mais extensas e, aí teremos que incluir a convivência
entre pessoas que nem sempre tem laços sanguineos que os aproximem.
Da Matta, citado por Cerveny, assim referencia família
:
“ (...) ela não
é apenas uma instituição social capaz de ser individualizada, mas constitui
também e principalmente um valor. Há uma escolha por parte da sociedade
brasileira, que valoriza e institucionaliza a família como uma instituição
fundamental à própria vida social. Assim, a família é um grupo social, bem como
uma rede de relações. Funda-se na genealogia e nos elos jurídicos, mas também
se faz na convivência social intensa e longa. É um dado de fato da existência
social e também constitui um valor, um ponto dos sistema para o qual tudo deve
tender. “ ( 1997 : 34/35).
A Família pode também ser vista como um sistema vivo, um grupo primário, e como tal tem um ciclo que é próprio a todas as coisas que têm vida: “(...) ela nasce, cresce, amadurece e morre, podendo ou não dar nascimento a uma nova família.” ( Nunes de Souza, 1997 : 123).
Françozo (2003)
nos remete também à concepção de família que cada profissional estrutura
durante a formação universitária. Diferentes possibilidades surgem através dos
diferentes constructos teóricos que se estabelecem em áreas como psicologia,
assistência social, pedagogia, ciências sociais, etc. Além disso, aparece a
família do próprio profissional que de modo etnocêntrico acaba assumindo a
possibilidade de ser considerada como família ideal mesmo que as relações ali estabelecidas
não confirmem a idealização. Vejamos,
“A família
idealizada de que estamos falando convive com a família ‘ teorizada’, o que
pode redundar em inúmeros e diversificados ‘ tipos’ de família. Quase
poderíamos dizer que cada profissional tem uma única ( no sentido de
individual) concepção ou modelo de família. Talvez pudéssemos afirmar que ter
ou não um modelo de família não é uma escolha, mas algo que está incorporado ao
profissional e também às pessoas.” (
Françoso, 2003 : 79)
Com características de organismo vivo a família nasce
a partir da união de um homem e uma
mulher. Paradoxal, mesmo, é lembrar a fundação da família contada pela Bíblia
onde Adão e Eva são colocados no paraíso para crescer e multiplicar, ou seja,
formar família e desfrutar das benesses de tão aprazível local. Todavia, todos
sabemos que lá não foi moradia da primeira família para todo o sempre como era
o esperado. Parece-nos que a exemplo daquela família primeva o convívio
familiar até nossos dias não é tão simples e por conta disso lamentamos a perda
do Paraíso e festejamos a pertença familiar que nos coube.
Com gratidão e reverência aos meus dois fieis
leitores,
Virminha.
*Trechos da pesquisa-monografia “Avós que cuidam de netos com deficiência
visual e surdez”- Cepre/Unicamp. (especialização lato-sensu em: Fundamentos para intervenção em deficiência visual e surdez).
***todas as imagens são do Google Imagens.