sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Família *

Família, famílias?!

 No Brasil a Família é vista como uma instituição formadora da nossa sociedade, entretanto delimitar um conceito que seja capaz de expressar todas as possibilidades que a família encerra não é coisa fácil.
Quando pensamos em família geralmente forma-se em nossa mente uma teia de  relações parentais como pai-mãe e filhos e, também, estão contemplados outros aspectos que abrigam famílias mais extensas e, aí teremos que incluir a convivência entre pessoas que nem sempre tem laços sanguineos que os aproximem.

Da Matta, citado por Cerveny, assim referencia família :

 “ (...) ela não é apenas uma instituição social capaz de ser individualizada, mas constitui também e principalmente um valor. Há uma escolha por parte da sociedade brasileira, que valoriza e institucionaliza a família como uma instituição fundamental à própria vida social. Assim, a família é um grupo social, bem como uma rede de relações. Funda-se na genealogia e nos elos jurídicos, mas também se faz na convivência social intensa e longa. É um dado de fato da existência social e também constitui um valor, um ponto dos sistema para o qual tudo deve tender. “ ( 1997 : 34/35).
 




A Família pode também ser vista como  um sistema vivo, um  grupo primário, e como tal tem um ciclo que é próprio a todas as coisas que têm vida: “(...) ela nasce, cresce, amadurece e morre, podendo ou não dar nascimento a uma nova família.” ( Nunes de Souza, 1997 : 123).



Françozo (2003)  nos remete também à concepção de família que cada profissional estrutura durante a formação universitária. Diferentes possibilidades surgem através dos diferentes constructos teóricos que se estabelecem em áreas como psicologia, assistência social, pedagogia, ciências sociais, etc. Além disso, aparece a família do próprio profissional que de modo etnocêntrico acaba assumindo a possibilidade de ser considerada como família ideal mesmo que as relações ali estabelecidas não confirmem a idealização. Vejamos,


 “A família idealizada de que estamos falando convive com a família ‘ teorizada’, o que pode redundar em inúmeros e diversificados ‘ tipos’ de família. Quase poderíamos dizer que cada profissional tem uma única ( no sentido de individual) concepção ou modelo de família. Talvez pudéssemos afirmar que ter ou não um modelo de família não é uma escolha, mas algo que está incorporado ao profissional e também às pessoas.”  ( Françoso, 2003 :  79)


Com características de organismo vivo a família nasce a partir da união de um  homem e uma mulher. Paradoxal, mesmo, é lembrar a fundação da família contada pela Bíblia onde Adão e Eva são colocados no paraíso para crescer e multiplicar, ou seja, formar família e desfrutar das benesses de tão aprazível local. Todavia, todos sabemos que lá não foi moradia da primeira família para todo o sempre como era o esperado. Parece-nos que a exemplo daquela família primeva o convívio familiar até nossos dias não é tão simples e por conta disso lamentamos a perda do Paraíso e festejamos a pertença familiar que nos coube.


Com gratidão e reverência aos meus dois fieis leitores,


Virminha. 




*Trechos da pesquisa-monografia   “Avós que cuidam de netos com deficiência visual e surdez”- Cepre/Unicamp. (especialização lato-sensu em: Fundamentos para intervenção em deficiência visual e surdez).

***todas as imagens são do Google Imagens.