sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Minhas reflexões sobre Constelação Familiar.





Nesse final de semana pude reler alguns trechos do livro de Ítalo Calvino, As cidades Invisíveis, e encontrei este do qual gosto muito. E é muito fácil de compreender as dinâmicas das constelações familiares através dele.
No texto Marco Polo descreve uma ponte e falando sobre cada pedra que a compõe desperta a curiosidade do poderoso imperador Kublai Kan.



Este ansioso pela descrição de mundos exóticos e distantes conclui que na ponte o mais importante é o arco e apressa a discussão. Ele não quer falar sobre as pedras, ele quer falar sobre o arco. E Polo explica que há necessidade de falar das pedras, pois sem elas não existem nem arco e nem ponte.

Interessante é notar como o passado é trazido à tona através da linguagem utilizada por Polo. Observa-se que linguagem e memória aqui se confundem e se apoiam mutuamente para suprir as ausências que aparecem na narrativa.



Ocorre, assim, quando montamos uma constelação e nela surgem os nossos ancestrais. É importante que eles sejam considerados no contexto onde estão aparecendo. Eles representam as muitas pedras que foram necessárias para que a família em questão pudesse ser sustentada. 

Cada pedra-ancestral da família permite que o arco seja formado e é esse arco que sustentará a ponte entre o passado-presente. Cada encaixe realizado de modo perfeito dá segurança à construção. As ausências se fazem presente quando o arco ainda não está pronto. Agora, quando cada pessoa ocupa seu lugar próprio e único na família começa existir segurança nessa estrutura e o amor pode fluir através de todos os seus membros.

Dessa forma,contempla-se a necessidade de construção de uma ponte: ser possibilidade de unir lados que estavam separados.
Quando os arcos estão prontos é possível surgir a ponte e cruzar os obstáculos de grande porte, que seriam intransponíveis sem eles. 

Alegra-me saber da fortaleza desse arco familiar que faço parte.

Penso que seja uma bela metáfora para se meditar.

Eis o texto:

“Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
- Mas qual a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
- A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra- responde Marco-, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
_ Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
_ Sem pedras o arco não existe.”

                          Ítalo Calvino em “Cidades Invisíveis”.



Com gratidão e reverência aos meus dois fieis leitores,

Virminha.



*todas as imagens são do Google Imagens.*

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