Este ansioso pela descrição de mundos exóticos e
distantes conclui que na ponte o mais importante é o arco e apressa a discussão.
Ele não quer falar sobre as pedras, ele quer falar sobre o arco. E Polo explica
que há necessidade de falar das pedras, pois sem elas não existem nem arco e
nem ponte.
Cada pedra-ancestral da família permite que o arco seja formado e é esse arco que sustentará a ponte entre o passado-presente. Cada encaixe realizado de modo perfeito dá segurança à construção. As ausências se fazem presente quando o arco ainda não está pronto. Agora, quando cada pessoa ocupa seu lugar próprio e único na família começa existir segurança nessa estrutura e o amor pode fluir através de todos os seus membros.
Dessa forma,contempla-se a necessidade de construção de uma ponte: ser possibilidade de unir lados que estavam separados.
Quando os arcos estão prontos é possível surgir a ponte e cruzar os obstáculos de grande porte, que seriam intransponíveis sem eles.
Penso que seja uma bela metáfora para se meditar.
Eis o texto:
“Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
- Mas qual a pedra que sustenta a ponte? –
pergunta Kublai Khan.
- A ponte não é sustentada por esta ou aquela
pedra- responde Marco-, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo.
Depois acrescenta:
_ Por que falar das pedras? Só o arco me
interessa.
Polo responde:
_ Sem pedras o arco não existe.”
Ítalo Calvino em “Cidades
Invisíveis”.
Virminha.
Interessante...
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